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sexta-feira, 19 de julho de 2013

Casablanca IV




Velho mercado. Casa (Cásá), como amorosamente lhe referem o nome numa intimidade que só aos próprios pertence, acentuada pelo branco esboroado das frentes que não se sabem datar, intercaladas com seculares erguidas ou remendos arquitectónicos dependentes da imaginação do seu criador.
O vai-vem constante é igual ao movimento das abelhas, que as há, atraídas pelos suculentos doces de mel, amêndoa, sementes de papoila e os inumeros turistas que se cruzam com a comum dona de casa que faz as suas compras aguardando silenciosa a melhor luz, o melhor ângulo para a fotografia que hão-de levar para recordar aquela terra de bárbaros.
Eu não sou de cá, não sou turista, vim a trabalho mas também não posso ser considerada emigrante, serei então o quê?
Sinto-me como estas construções, feita de tempos porém, inacabada, faltava-me Casa, branca de bocados de outros brancos, dilacerada de olhos que não me veem para além do que está exposto.
Parece que entendo melhor estas mulheres que caminham cobertas, apenas o olhar como uma luz, fulminante. Calhou ao passarem por mim, deitarem-me aquele lume nos meus olhos e senti que me dizíam que eu não entendia nada, descaradamente nos meus olhos, diziam que tudo era mais branco do que eu via.



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