Não sei o que mais me encanta neste homem que parece ter música na voz, nas mãos, nos cabelos presos em rabona, nos jeitos felinos de deslizar pela calçada e subir degraus e sentar e pegar em pequenos copos de vidro espesso e levá-los à boca carnuda e tragá-los como beijos suspeitos e roubar braços de mulheres para os entralaçar nos seus na medida que parece desprezá-los tanto quanto os deseja e cativa.
Apaixono-me por este homem cada vez que o vejo dançar, cada vez que o observo de olhos cerrados sentidamente apaixonado, apaixono-me pelo salão de baile, pelos cheiros, pela luz, pelas cores, pelo medo, fico ébria desse risco total em que se perde a noção da vida e se quer tudo.
É o tango.
Foi Zilto quem mo sussurrou.
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