Mandam-me sentar e escrever. Mandam-me embora. Chamam por mim, as minhas mãos precisam-se. Mandam-me arrumar as tralhas, destruir o que escrevi sobre eles, lixo, tudo lixo, porcarias, vêm exigentes, intoleráveis, narcísicos, dão ordens e contra-ordens, eles próprios chocam contra as cabeças uns dos outros e todos contra a minha, perco-me, dói-me, habituei-me a esta dor e já não a lembrava... É dor?
Caiem indicadores sobre o meu nariz, apontam-me direcções, papéis, parágrafos, pontos finais, canetas de tinta azul, tinteiros entornados que desenham borboletas que ninguém vê voar, árvores que penteiam copas de salgueiros sobre margens de rios que desaguam em fronteiras perigosas entre o sonho e o delírio como se o primeiro não fosse o outro de olhos perdidos em passos que conto, 1, 2, 3, jeté, pirouette, attitude, pas de deux, il n'a pas, não haver, não ter, serei eu quando vós sois construções verbais da minha língua, medições de força, forca, amputação das minhas mãos, como hão-de ser vocês então?
Eu Gasolina para todos vós em mim.
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