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sábado, 14 de julho de 2012

Edmundo



 
Onde começa a arte terá o homem forçosamente de se sentar e deixar o espaço livre, os dois sufocam. Não é um mundo partilhado, é um universo substituído, não há tempos capazes e fortes o suficiente para aguentar uma relação de fraquezas e embates, desvios e distrações quando o objectivo é a arte, não por si só mas enquanto essência, enquanto vida.
Edmundo dizía-mo olhos nos olhos, uma tranquilidade que perpassava porque sentidamente a respirava. Eu entendía, fazía perguntas, discutíamos detalhes, questionei-o quanto às suas imagens de nús, o preto e branco, ele respondeu origens e morte, ovo, inicios e fins, fui buscar os seus textos e ele aquiesceu, a mulher e ele falou de ventre, referi a morte, fiz reticências e ele apontou para a sua bata branca.
Sempre que há tempo para nós falamos por horas, falamos das nossas artes mas nunca falámos de nós.


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