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sábado, 9 de junho de 2012

A praia secreta



Soltou o punhado devagarinho e sem escapar a vista do fio da areia a perder-se logo ali prometeu que aquela sería a sua praia secreta, só sua e de mais ninguém, pegadas só de seus pés e sobretudo, em mapa algum havería traço que a desse a conhecer.
Decisões destas são custosas. Cortam com o resto do todo que temos ao redor, arrancam cheiros e paladares a que nos costumamos, finge-se que nunca se teve aquilo que se arrecada na memória e é essa a única bagagem que se leva para um sitio escondido e selecionado como a praia secreta.
Da beleza e da solidão tanto se pesa como tanto se equilibra e sendo assim, outro mais tanto de areia lhe juntou em fio ao lado do primeiro.
E já eram duas colinas.
E um vale a meio.
E se na praia tivesse tido tempo de verter lágrimas mar lhe tinha feito rebelde e salgado, agora o que vía era um rio doce e serpenteado entre os dedos da mão aberta e livre pela areia largada... Como o pensamento se escapa como vento quando se sonha de olhos abertos.
Pôs os óculos escuros, recolheu a toalha e fechou o chapéu de sol, porque a chuva tinha engrossado.



in Telas, Dez.2011

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