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quinta-feira, 28 de junho de 2012

Dois olhos, infinitas janelas





Para lá de mim, para lá do cerco dos dias, das paredes que forram a vontade da fuga e dominam pernas em correria ou saltos de corça para esconder lágrimas de raiva, tenho dois peões corajosos que avançam e desbravam caminho. Umas vezes para me salvar, de outras tantas para ir a passeio.
Seja de uma ou outra causa, levam-me pela mão como se criança ainda fosse o meu estado e porque tal condição me faz sentir segura, prendo-me e ombreada a tal par percorro veloz ou singela, fugaz ou demorada, campos, rios, uma só nuvem, copas de árvores, as crinas de um lusitano, a zoeira de um enxame, as linhas em degrau de uma vinha do Norte, uma poça de água recebendo os pingos de chuva.
Para lá de mim, os meus olhos ajudam-me, abertos ou cerrados, a viajar e a salvar-me em mil cenários, num milhão de pormenores, numa incontável missão de fender rasgos onde sobem paredes.

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