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domingo, 10 de junho de 2012

Desconsertos



Tal como um cão abandonado durante horas a correr atrás da cauda para passar o tempo, vou inventando esquemas para tapar a demência de vozes que se colocam melhor e mais sonoramente que a minha, já enfraquecida pela tese desconfortável, quiçá, veículo, instrumento, ferramenta, usem o termo que vos aprouver, ao serviço dos que precisam para se fazer ouvir, digo escrever com tom, corrijo, com cor, reformulo, com interesse, poetiso, com capacidade de se fazerem ser lidos para além de duas linhas sem bocejos e comentários à margem sobre a pepineira que este 1º§ já está a ser. (Afinal ironisei...)
Mas até o cão acaba por se aborrecer e farto de ganir por se morder a si mesmo e não se poder vingar do desgraçado que há em si por cada vez que triunfante caça a cauda, desiste da brincadeira e termina enroscado a dormir a um canto, também eu me canso de tanta ferroada e falta de tempo, pior, nem sobra nada para me enroscar e tirar uma pestana, pois se destas sestas sempre aparece mais um, ainda mais que nos recônditos dos sonhos (ou dos pesadelos) arranja uma fresta e se espalma para uma linha do meu caderno vincado de tinta permanente de espirito torturado por mãos que se fabricam a outras que são sempre as minhas, reclamadas como sendo propriedade alheia, identidade roubada a minha, a quem, pergunto?
E a resposta bate-me na cara: A quem perguntar? A mim ou à cauda do cão?
Uivo.
Nem lua para anunciar.

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