Regressar a campo aberto, deixar o abrigo das folhas no camuflado das linhas protectoras e correr entre árvores esfolando mãos na casca áspera do descuido do aparente abandono, carece coragem, embalo e respiração presa nas narinas dilatadas pelo coração inundado de tanto sangue. Seivas. Reaprendemos percursos, e ajeitamos no silêncio das carumas secas, caminhos calcados em pés nus e doridos. Faço-me à clareira e espio o raio de sol, a gota de chuva, o rebento novo, um pinhão solto. Qualquer coisa aqui é minha porque nada me pertence, tudo são fios de tinta, coisa imaginada, universo sem tamanho, lá onde mora o horizonte e onde se guardam cores e estórias que cabem dentro de pessoas enormes e outras do tamanho de um dedal. A árvore está desperta e de ramos largos até lhe apetecer.
CAPÍTULO QUARENTA - DE VOLTA A CASA
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Ao fim de pouco mais de três meses Alberto fechou a conta e a familia
regressou à casa renovada.
Maria da Luz apenas tinha ido por uma vez ver o decurso das...
1 comentário:
a árvore está desperta, o que muito me alegra. virei mais vezes saborear os seus frutos. frutos raramente doces, agrodoces talvez por vezes. muitas vezes frutos amargos.
talvez um dia experimente engolir algum caroço, a tentar que uma árvore me cresça cá dentro...
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