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segunda-feira, 28 de junho de 2010

Reinventar

Como um bago de carvão que se apanha entre dedos negros e se risca o jogo do galo na esperança que o adversário caia na grade descurando a janelinha aberta, assim - oh inocência! - peguei nas minhas dores e inventei-lhes outro dono. Não são mais minhas, escrevo-as, não as amarguro ferida, permito-me uma doce e ténue vertigem pelos que padecem comungados em qualquer coisa que um dia pareço ter experimentado, lamento-lhes a perda, a injustiça e até os animo, incito a melhores horas, levanto-me e fecho o caderno.

12 comentários:

tiaselma.com disse...

Que assim quando tiver que ser...

Beijocas e não desapareça!

CamilaSB disse...

Olá... a árvore continua dando frutos perfumados que apelam aos sentidos...provei e achei-os deliciosos!
Obrigada pela visita à minha janelinha.Bjo!

Alis disse...

Negro o ®)isco no branco….
como verde no cinza… e, as d o r es a metamorfosearem-se
a flor azul na ©inza de neve…. f ®io e o ©alor da lareira
©hama que na!ma os gravetos humedecidos e as faz as brasas mais belas e longas…
.
.
.
Abres um novo caderno… ou escreves na cinza…
...
...
beijinhos

AC disse...

As dores, assim partilhadas, ficam muito mais leves e suportáveis. E, quem sabe?, talvez algumas se libertem na viagem...

gosto de comentar disse...

um caderno ainda com muitas folhas em branco?

Laura Ferreira disse...

Às vezes é preciso. Mas por favor, volta sempre aqui.

Alberto Oliveira disse...

Já o pressentia: chegava cá o pobrezinho do costume e caderno fechado. E agora cadê a minha esmola alimentar? (leia-seespiritual). Lá vou passar o resto das férias a ver navios, embora do sítio onde me encontre também não distinga uma nesga de água, a não ser a do chafariz onde - pela calada da noite, lavo os pés, doridos de tanto caminhar na ânsia de encontrar almas caridosas que me cedam um naco do seu pão ou uma sopa de letras. Resta-me voltar atrás, nos dias da semana.

Abraço do Legível Caranguejo.

casa de passe disse...

Consigo também, por vezes, tranformar-me em espectador da minha própria vida. Ela corre no palco. Eu assisto.
Mas só às vezes...


Ernesto, o avô

MagyMay disse...

Ficam guardadas na tua escrita, continuam tuas.... as dores.

Fá menor disse...

E assim deve ser: escrever as dores com tinta fácil de apagar.

Bjins

Rui Fernandes disse...

Acho que esse truque, por demais conhecido, já não pega. É como o jogo do galo, que só se ganha uma vez na vida: a primeira. Que, curiosamente, é a última. Pois... lá vão as dores a gemer de raiva, apertadinhas no caderno fechado. Beijos.

Alberto Oliveira disse...

... já não tenho certezas se deixei aqui um comentário ou não. De qualquer modo não guardo nas pernas indícios de esfooooooorço* saltitante de janela em janela num jogo que já se vai perdendo na memória de outros tempos.
Fizeste bem em inventar outro dono às tuas dores. Divide-se assim o mal pelas aldeias da Blogo-Esfera esperando-se que a indústria farmacêutica não negue os genéricos a que todos temos direito.