Não é preciso mais luz. Agarro nas mãos e preparo dedos e pulsos, faço um risco ao meio e separo cada metade de mim, deixo verter. Por vezes ferve, queima, ateia palavras e elas velozes saem nas chispas do pensamento; Doutras, não faço nada, é só sentir deslizarem-me como uma noite em que escorregamos por sexos e amores. Sabe-se ao que sabe. Quer-se mais, prende-se mais, dá-se mais e mais. Não há tempo, não há contadores, não há tamanhos. O que for enche, revolta, alimenta e renova-me. Recria-me. No derramado acabo por me beber, não me sacia, vicia, preciso mais, quero melhor. Há mais luz. Desperdiço mãos e dedos, empatam-me. Soltas, progridem frases perante os meus olhos. Fecho-os. Abro-os. Nada desapareceu nesta insana felicidade de procura e busca, perseguição e caça. Abato-me. Disparo flechas a mim mesma e vejo-me sangrar no verbo ingrato. Sol. Ardo.
CAPÍTULO QUARENTA - DE VOLTA A CASA
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Ao fim de pouco mais de três meses Alberto fechou a conta e a familia
regressou à casa renovada.
Maria da Luz apenas tinha ido por uma vez ver o decurso das...
10 comentários:
"Desperdiço mãos e dedos, empatam-me. Soltas, progridem frases perante os meus olhos. Fecho-os. Abro-os. Nada desapareceu nesta insana felicidade de procura e busca, perseguição e caça. Abato-me. Disparo flechas a mim mesma"...
Palavras para quê?
Disseste tudo, tu sabes!!!
Um beijo,
Sony
Gas, penso que num comentário anterior na "Rapariga Do Livro"
não usei "...." sabes que não volto a ler o que escrevo, num impulso, comento e envio!
Jito,
Sony
Obrigada por te ler!!!
Você se via quando olhava o alvo?
Sony,
Há vezes em que é dificil explicarmos o que sentimos, o que somos. Mesmo sob um pseudónimo. Um heterónimo que sejamos.
E o virtual tem muita capacidade para distorcer o que é direito.
Tu sabes.
Um beijo forte.
Empirico,
Claro!
Eu sempre "me" vejo.
Ou melhor: vejo os que são de mim. Que eu não sou única. Sou outras, outros.
E aí já não sou eu.
E eu ardo de espanto.
Renovam-me as tuas palavras.
Olho-as da mesma forma que olho embasbacada, para certas obras de arte, em museus...
Abato-me. Faço-te uma vénia.
Obrigada.
Laura,
Assim fico sem saber o que dizer...
Mas há uma coisa muito importante que tenho de te dizer. Tão importante que no dia em que vi nem fui capaz de falar dela...
O teu avatar.
Se tu soubesses como me encontro fotografada nele...
Abraço forte
só sei dizer: gostei...
o verbo é sofrer?
Pentelho Real,
Princesa, por quem sois...
Muito me apraz que vos tenha agradado.
Um beijo para vosso Reino
Pin,
Não.
O verbo é AMAR.
Um beijo L.
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