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quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Infinitamente

Recorrentemente aproxima-se até caír lá para dentro. Uma queda sem qualquer vertigem, sabe que não dói nada, é deixar tombar leve e aparecer onde calhar, o sitio é adereço tão pouco cenário, as personagens fazem o todo e enchem sem direito a mais nenhum interveniente uma bolha de tempo. Mutações de cor moderam o tom da conversa silenciosa, não se arrisca um tom acima, mais alguém pode escutar.
(Quando é que gostas mais de escrever?)
Os segundos sem contagem farão o dia de hoje, leva-os pela cidade fora, saboreia-os muitas vezes, evita sempre atingir o final, recua ao pedaço que mais prazer lhe dá e percorre os passos feitos à procura de algum detalhe minimo que lhe tenha passado despercebido, assim novo deleite lhe encha os olhos fechados.
(Não te cansas?)
Lembra tudo, tudo, por vezes acrescenta-lhe o que gostaría que tivesse acontecido e finge que faz parte do original, não tem importância se é invenção, para quê se tudo o é. Ou foi. Ou recorrentemente será.
(És tu essa gente toda?)
Por vezes acorda naquela sensação morna de bem-estar, outras na sacudidela do real, quer, intenta prosseguir para guardar, ensaia de novo a queda e localiza a marca de onde saíu, ali, é ali que tem de regressar e continuar a conversa silenciosa ou então ficar-se pelas mãos, pelos olhos, pela cor que entorna o que sentem.
(Isso é tudo imaginado ou foi mesmo vivido?)
Recorrentemente acha que não é propriedade de si, a frequência do sonho leva a outro e do outro acha que também sonha o mesmo, só por isso vale a convicção e mesmo que seja engano, não faz mal, é belo e único enquanto se derrete na memória e a isso ninguém pode dizer adeus.

8 comentários:

SONY disse...

Parece tão fácil escrever...ao ler-te aqui!

És uma escola...

Um beijo,

Sony

Gasolina disse...

Sony,

Não sou nada.
Sou uma aluna e tenho que me aplicar todos os dias.
Tal como a dança: Inspiração e transpiração.

Um beijo Formiguinha linda.

Ema Pires disse...

Como sempre uns textos tao descritivos e tao lindamente escritos.
Beijinhos

Gasolina disse...

Ema,

Minha Grande Amiga de Fogo, quantas saudades de te ver junto à Árvore.

Obrigado, tu linda sempre nas tuas palavras.

Beijo Grado para ti.

Charlie disse...

Mais um texto magnífico, e eu que há tanto tempo por aqui não passava.
E as memórias são assim; um fondue de tantos sabores, tão parecidos e diferentes e que todos os dias se acrescentam. Alguns vão ficando por baixo e suportam a entrada continua das mais recentes.
E o que se passa quando lhe metemos uma colherzinha e mexemos tudo?

Carlos
http://cartassemvalor.blogpspot.com/

Gasolina disse...

Charlie,

Não vivo das memórias, mas socorro-me muito delas no plano afectivo. Salvam-me quando estou triste, dão-me a mão de tempos felizes e recupero o sorriso.

Não acredito que hajam recordações "por baixo", às camadas, à espera de outras. Simplesmente cada uma tem a sua altura ideal para surgir. Sejam boas ou ruins.

Tento mantê-las a par, as boas e as que ainda hoje me magoam.

ASPÁSIA disse...

A ESCRITA SÓ PODE SER FRUTO DE ALGO VIVIDO... NA REALIDADE OU NA IMAGINAÇÃO!

(ÉS MESMO ÁRVORE?)
NA TUA SOMBRA FICA UM BEIJO!

Gasolina disse...

ASPÁSIA,

NÃO SEI RESPONDER-TE.
ALIÁS PARA NÃO ME ACABAR NESSA PERGUNTA DEIXEI DE A FAZER.

VIVO COISAS E OUTRAS PENSO QUE VIVO.
SERÁ ASSIM?
WHO CARES?

(NÃO SOU? MAS POSSO SER OUTRAS TANTAS COISAS...)

RECEBO O BEIJO, DOU-TE UM ABRAÇO JARDINEIRA.