No nado inverso se faz a origem, volto ao ninho, à baía do meu sentir, aos repiques do sino chamando fiéis às dezoito, adentro a hora de lobos, sou só eu a alcateia.
É nas presas afiadas que rasgo a água e farejo a margem como o pedaço da carne faminta, vou nua mas atenta, ainda o Sol se dá aos enganos de fazer espelho no Tejo, chama-me, chama a vaidade de mim e atrai-me como um mar encapelado, cabelos molhados às chuvas de palavras que ondulo na navegação, garras cravadas atrás que de um salto fujo ao encanto e piso terra minha de novo.
Fecho o caderno vadio. Sacudo no borrão azul respingos de amurada e rasgo a folha, cansada, na unha esquecida de um lobo.
(In Crónicas do Tejo, C.G.-22/08/2008)
14 comentários:
Muito bonito o seu texto! Imagens ricas e belas...
Beijos de luz e o meu carinho!!!
Ainda bem que não dá pra rasgar o que se escreve em suporte eletrônico...
A Árvore continua a dar lindos frutos... ;)
Mundo Azul,
Obriagdo pelo teu regresso.
E pelas tuas palavras.
Mas o Tejo é o responsável.
Beijo para esse lado do mundo
O Empirico,
Eheheheh!
Obrigado: pela visita e pelo humor, que aprecio.
Nice,
Quanto tempo!
E vieste com a Ema!
Boa!
Beijos para a matilha
Querida Gasolina
Quanto me encanta o que escreves no sentir do rio Tejo, que em eterno romance se mantém com a margem de cá.
Por vezes sinto-o agitado... é concerteza com ciúmes quando saltas a prancha de madeira para ficares em terra firme...
Beijinhos.
e ainda dizes tu que anda "pobre" a tua escrita!...discordo plenamente.
isto é simplesmente belo.
embora mais silenciosa, estou sempre por perto e deleitada.
um beijo
marisa
Gasolina,
...bendito Tejo!!!
Gosto destas crónicas e tu sabes!
Um beijo,
sony
A solidão liquida do ser...
Muito bom.
Bj.
Victor,
Quem não se encanta por este Rio todos os dias renovado?
A mim dá-me força, sonho, vontade de navegar mais além.
Um beijo carinhoso Querido Victor
Marisa,
Ai, ai... se tu soubesses o que vai cá por dentro.
Forças opostas juntaram-se e cada uma puxa por si.
Que fazer?
Obrigado por me "escorares", por me amparares, por te saber sempre aqui.
Um beijo sincero
Sony,
Obrigado Formiga.
De 7 minutos se faz um dia, do rio se fazem mares de palavras.
Um abraço apertado a uma Formiga Valente
Mateso,
Talvez seja do azul do Tejo. Ou do verde. Ou de todas as cores que ele me dá e permite viajar.
Acaba por ser uma solidão cumplice, só e ele.
Um beijo Querida Mateso
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