Todos os textos são originais e propriedade exclusiva do autor, Gasolina (C.G.) in Árvore das Palavras. Não são permitidas cópias ou transcrições no todo ou/e em partes do seu conteúdo ou outras menções sem expressa autorização do proprietário.

sábado, 1 de dezembro de 2007

Crónicas do Tejo (IX)



De regresso à minha margem tive a sensação de revelar um filme às avessas.
Talvez porque a caravela de Belém parecía mais de pedra do que o habitual, imóvel a encantar-se do rio que a beija mas limitada no seu sonho de arrancar âncoras e amarras, afogando essa mágoa na enchente do Tejo.
Vi imagens a passarem lentas, entrecortadas pelos pilares vermelho sangue desta Ponte que feita de carnes e metal, embala viagens de vai-vem, repetidas no dia-a-dia, inovadas pelo céu, enfeitadas pelas escarpas.
Sorrio-te Rio, ao ver a face projectada neste vidro, um carão franco semeado de ilusões. Afaguei a janela deste barco e senti o teu rosto cansado. Mas devolveste-me já no segredo da noite o tempero da ondulação e sosseguei.
Há quanto tempo te conheço eu?

(in Crónicas do Tejo, C.G. 18/11/2005)

10 comentários:

AC disse...

A mim? Desde antes do Tempo.
Aos teus verbos amava eu ter conhecido desde sempre.

Amo-te mais ainda quando escreves o mesmo Rio que eu corro.

Beijo

Vicktor Reis disse...

Querida Gasolina
O Tejo é, na realidade, único. Descrito por quem o ama como tu ganha uma dimensão que nenhum outro rio do Mundo possui. Talvez somente encontre "alma gémea" no Danubio de mil amores partilhados, mas a este último falta-lhe o mar Atlântico, o mar da minha cumplicidade.
É tão bom escreveres sobre o Tejo...
Beijinhos.

Gasolina disse...

Dias,

É mesmo... conheço-te desde sempre, seja lá onde isso foi ou o que é.

E o Rio é nosso.

Um beijo

Gasolina disse...

Victor,

Meu Querido Victor, como me enleva este Tejo.
Mas um dia destes falarei de outro Rio por quem me perco de amores tão fortes quanto este. O meu Mondego, o meu Bazófias.
E nesse Atlântico poderoso também eu me devaneio.

Somos mesmos ricos, não é?
Rio e Mar.

Um beijo de carinho enorme.

ASPÁSIA disse...

Ó TÁGIDE DA ESQUERDA MARGEM!
QUANDO ATRAVESSAS O TEJO,
ELE EMBALA-TE A VIAGEM
NAS ONDAS DO SEU DESEJO!

COM CIÚMES DO MONDEGO,
JÁ O RIO TEJO FICOU...
REVELASTE ESSE SEGREDO,
E O TEJO, TRISTE, CHOROU!

BEIJINHOS DESTA TÁGIDE DA MARGEM DIREITA...

Mateso disse...

As águas do rio correm nas margens da vida.
Beijo

santiago disse...

o rio que já em pequenino atravessava, quando os meus pais me levavam a almoçar a cacilhas no gingal, restaurante que já não existe.
como tão bem sentes e fazes sentir este rio.

Gasolina disse...

ASPÁSIA,

MESMO ENCIUMADO O TEJO TEM O MEU CORAÇÃO. MAS NÃO POSSO PÔR DE PARTE O MONDEGO DA MINHA INFÂNCIA, QUE ME ENSINOU A GOSTAR DE RIOS.

MAIS UMA VEZ, UM PRESENTE NO TEU POEMA.
OBRIGADO JARDINEIRA, UM BEIJO!

Gasolina disse...

Mateso,

Poética e verdadeira a tua afirmação.

Beijinhos

Gasolina disse...

Santiago,

Toda essa zona tem vindo a ser reabilitada.
Quem sabe esse sitio está activo...

Este rio quase me corre nas veias, sempre diferente todos os dias, sempre uma magia olhá-lo.

Obrigado pelas tuas palavras. Sincera.